O mês de Fevereiro foi mais uma vez o escolhido para darmos início
em 2007 aos habituais Passeios do Clube Audio TT. Desta vez a proposta
era realizarmos no dia 24 o nosso 3º Passeio do Clube Audio TT pela
“Região de Barroso” .
Apesar de o tempo não ser o mais agradável, uma vez que tivemos um
dia em que a chuva, umas vezes mais grossa, outras mais miudinha, foi
uma companhia quase constante, cerca de três dezenas e meia de pessoas,
distribuídas por 17 jipes, fizeram questão de não perder este evento.
Os “reconhecimentos” tinham sido efectuados numa altura em que a neve
ainda persistia em alguns dos trilhos e o gelo transformara as zonas
mais moles ( fruto dos vestígios de lama existentes ) em piso
suficientemente duro para as viaturas não se “enterrarem”... Agora,
no dia do Passeio, as condições eram completamente diferentes e
tínhamos
alguma expectativa sobre o que iríamos encontrar... Não
encontraríamos
neve, nem vestígios da mesma, nem sequer gelo ou pisos gelados, mas veio
a verificar-se que seria necessário contar com a lama, que nalgumas
zonas estava bem presente e em quantidades apreciáveis.
Fruto do tempo enevoado e chuvoso, também acabamos por não poder
apreciar da melhor maneira algumas das paisagens extremamente
interessantes que circundam as trilhos que andamos a percorrer e que
tivéramos a satisfação de poder admirar durante os “reconhecimentos”.
Para a maioria dos participantes ficou um “cheirinho” da beleza desta
região e a vontade de lá voltar em altura em que o tempo esteja mais
agradável.
Do ponto de vista do Todo Terreno, o percurso escolhido era
razoavelmente variado, incluindo zonas de lama, zonas com piso bastante
duro e um bocado “trialeiro”, zonas estreitas e muito fechadas por
vegetação que demonstravam sem margem para dúvidas que andávamos a
percorrer caminhos devidamente assinalados, mas onde era raro passar
alguém. Houve ainda uma travessia a vau de um ribeiro, que nesta altura
levava bastante água. Aliás, água foi coisa que não faltou por toda a
parte !
Um dos “acontecimentos” da manhã ocorreu mesmo durante a travessia
do ribeiro, quando o condutor de um dos jipes resolveu ir experimentar
uma zona diferente e acabou por ficar preso no leito, com o jipe um
bocado inclinado e com a água a entrar alegremente para o seu
interior.... Haverá concerteza maneiras mais fáceis e mais agradáveis
de lavar o interior das viaturas... ;-)
Ainda antes desta travessia a vau,
tínhamos tido direito ao
“reforço da manhã”, que não pode faltar e que mais uma vez veio acalmar
a fome que já se começava a fazer sentir com o pão com fiambre e queijo,
acompanhado de sumos e de café bem quentinho.
O outro momento “quente” que se viveu durante a manhã foi motivado
pela posição “complicada” em que um dos jipes ficou numa zona estreita e
bastante fechada com vegetação. Ao tentar fugir um pouco à vegetação, o
condutor acabou por deixar a viatura escorregar para fora do trilho,
ficando com 2 rodas no ar e uma inclinação lateral pouco agradável. O
problema era ainda mais grave dado que não era fácil conseguir colocar
outras viaturas em posição que permitisse ajudar a resgatar aquela,
sendo necessário haver algumas cautelas reais para evitar que o jipe
capotasse...
Com alguma insistência, muita paciência e diferentes tentativas,
sempre se acabou por resgatar a viatura em boas condições. O seu
condutor é que acho que tão cêdo não irá correr riscos desnecessários
para fugir à vegetação.... ;-)
A hora do almoço aproximava-se a passos largos e lá fomos fazer a
visita à “Casa do Pedro”, em Vilarinho Sêco, onde se finalizavam os
últimos detalhes de um “Cozido” que nos iria recordar mais uma vez que a
cozinha tradicional portuguesa, confeccionada com ingredientes
escolhidos e de óptima qualidade, tem mesmo um sabor delicioso e bem
diferente das refeições feitas mais ou menos apressadamente e com
ingredientes de “supermercado”... Que me perdoem os que têm opinião
contrária, mas sempre tive imensa dificuldade em perceber como é
possível preferir-se a “comida de plástico” vulgarmente conhecida por
“fast food” !... Só quem não provou ainda umas batatas criadas na zona
de Montalegre e cozidas “de acordo com a tradição” pode dizer que são
todas iguais !...
É claro que antes do “Cozido” ainda tivemos direito ao presunto, à
chouriça e à alheira, já para não falar na sopa... Para terminar, as
sobremesas preparadas localmente e com o sabor tradicional, seguidas do
inevitável café, vieram completar um agradável repasto.
A tarde prometia ser mais curta, mas prometia também algumas
dificuldades... E a verdade seja dita, essas dificuldades apareceram
realmente e até ultrapassaram o que estávamos à espera !...
Para começar, tivemos logo direito a um troço com piso bastante
duro e incerto, fazendo com que todos ficassem “bem abanados” !....
Seria, talvez, bom para ajudar à digestão do “Cozido”.... Um pouco
mais à frente, a “dificuldade” era a largura do trilho, que passava
entre muros e pedras durante algumas centenas de metros e exigia uma
condução bastante cuidadosa para evitar danos nas viaturas, tanto mais
cuidadosa quanto mais largos eram os jipes... Bem vistas as coisas,
ainda não percebi muito bem se, em determinados casos, foram os jipes
que “mingaram” ou se foram as pedras que se afastaram, mas a verdade é
que toda a gente passou....
Mais uns Km’s e era a altura de enfrentar uma descida
particularmente dura. As pedras, as valas e os degraus, bem assim como
alguns bocados de lama eram mais do que suficientes para que houvesse
necessidade de tomar as devidas precauções e se fizesse o trajecto a
“passo de caracol”.
Contudo, o pior ainda estava para vir... Contrariamente ao que
pensávamos, uma vez que durante os reconhecimentos não tínhamos sentido
dificuldade especial nesta zona, a natureza resolveu mostrar quem manda
e impediu-nos a passagem... Já na segunda metade do trajecto da
tarde, depois de uma subida um pouco exigente, havia que atravessar pela
borda de um campo. Só que no dia do Passeio esse trilho, bem assim como
o próprio campo, eram um traiçoeiro lameiro... O primeiro jipe a
avançar, sem sequer se ter dado verdadeiramente conta das condições ( já
quase não havia luz do dia... ) avançou pouco mais do que uma dezena de
metros e em vez de continuar a avançar para a frente, começou a “avançar
para baixo” até ficar muito rapidamente enterrado... Começou-se a
fazer uma avaliação da situação e a percepção de que não estava fácil
poder continuar foi tornando-se cada vez mais clara... Colocou-se um
outro jipe numa zona que parecia “segura” e tratou-se de resgatar o 1º
jipe, à custa do guincho, o que até foi conseguido de uma forma mais
fácil do que se imaginava... Só que, de cada vez que se julgava que já
estava resgatado, enterrava-se novamente.... Para “ajudar à festa” a
viatura que estava a fazer o resgate com o guincho acabou também por se
enterrar e por não conseguir movimentar-se pelos próprios meios. Bem,
para não estar a alongar desnecessariamente este assunto, direi apenas
que gastamos um bom bocado nestas andanças e acabamos por resolver vir
para trás e dar o Passeio por terminado !...
Estava realizado o nosso 1ºPasseio de 2007 e nem o tempo menos
agradável tinha sido suficiente para apagar a expressão de satisfação
dos rostos dos participantes. É claro que quando se está entre amigos,
não é um ou outro pequeno contratempo que retira a boa disposição,
camaradagem e alegria reinante.
O próximo Passeio já está a começar a ser preparado e dentro de
algumas semanas haverá concerteza mais um pretexto para se passar um dia
bem passado.
Rui Martins