Quase 2 meses após o
nosso último Passeio era sem dúvida altura de realizar mais um. Foi
assim que no passado dia 14 de Abril, Sábado, o grupo de amigos que é o
Clube Audio-TT se juntou mais uma vez para passear fazendo Todo-Terreno.
A zona escolhida foi o Noroeste de Portugal, proporcionando a realização
do 3º Passeio Audio TT pela “Serra d’Arga” e o 2º evento deste Clube a
ser realizado em 2007.
Com um tempo muito agradável, a convidar a andar
a percorrer os trilhos da região, lá se juntaram em Vilar de Mouros os
17 jipes e as quase 40 pessoas que não quiseram perder esta oportunidade
de passar mais um dia que se adivinhava bastante interessante.
A 1ª etapa do Passeio iria levar-nos até ao
Mosteiro de S. João d’Arga e percorria trilhos de dificuldade
média-baixa, embora contasse aqui ou ali com uns bocadinhos um pouco
mais exigentes. A primeira “dificuldade” do dia veio a manifestar-se
numa zona en que era necessário atravessar um pequeno regato, mas que
estava um pouco enlameado e provocava um cruzamento de eixos.
Não era de modo nenhum algo que se possa chamar
de verdadeiramente “trialeiro”, mas foi o suficiente para fazer com que
os participantes saíssem das suas viaturas e viessem assistir à forma
como cada condutor tratava de ultrapassar a zona mais complicada. Convém
dizer que nem todos o conseguiram fazer na primeira tentativa e houve
mesmo um caso que, fruto de se ter então verificado que não tinha
tracção no eixo dianteiro, teve mesmo que ser rebocado. Aliás esta
situação veio a repetir-se mais tarde em zonas mais complicadas, embora
eu tenha ficado verdadeiramente surpreendido pela positiva com a
condução do dono do jipe em causa que lhe permitiu ultrapassar sem ajuda
externa várias zonas que nunca pensei que fosse possível fazer só com
tracção traseira !
Este início teve ainda o condão de nos permitir
começar a admirar a beleza da região, que apesar da devastação que fogos
recentes provocaram nalgumas áreas, continua a ser muito interessante.
Os diferentes trilhos que fomos percorrendo demonstravam isso mesmo.
Chegados a S. João d’Arga, era tempo da paragem
para o já tradicional “Reforço da Manhã”, desta vez ainda mais
justificado pelo facto de o almoço estar marcado para uma hora já
bastante tardia. Os sumos, pão, queijo e fiambre estiveram mais uma vez
presentes, bem assim como o café bem quente e que acaba sempre por saber
muito bem à maioria dos participantes.
Ao mesmo tempo aproveitou-se para uma visita ao
local, que para algumas pessoas era completamente desconhecido, e que é
sempre agradável ficar a conhecer. Pena é que tenham entretanto sido
construídas algumas estruturas cujo enquadramento é bastante duvidoso...
O tempo parece que voa e havia ainda muito para
andar até ao local do almoço, pelo que a pausa acabou por não se
prolongar muito estando toda a gente cheia de vontade de enfrentar os
trilhos que se seguiriam e que já se sabia que iriam ser mais
trabalhosos.
A 2º Etapa estava delineada de modo a levar-nos
de S. João d’Arga até Bertiandos, próximo de Ponte do Lima, onde seria
servido o almoço. Contudo, o trajecto escolhido não era propriamente o
mais fácil e contava especialmente com uma subida de cerca de 6 Km que
se anunciava como particularmente dura e com um nível de exigência
técnica já razoável.
Era claramente uma subida para fazer a “passo de
caracol”, procurando encontrar a melhor maneira de ir levando o jipe
através do piso quase exclusivamente de pedra, pontuado em duas zonas
com uns bocados de lama para “apimentar” um bocadinho a situação, e com
várias passagens bastante estreitas que obrigavam a decidir como as
“atacar”. Infelizmente essas passagens mais estreitas ainda acabaram por
deixar marcas ( ainda que ligeiras ! ) nalgumas viaturas, mas todos
conseguiram chegar lá acima.
Convém, de qualquer modo, dizer que após esta
subida havia várias pessoas a queixarem-se que estavam um bocadito
“partidas” dos abanões que foram sofrendo ao longo do trajecto... ;-)
Ainda antes do almoço, tivemos mais uma daqueles
acontecimentos caricatos... Após todos os “maus tratos” sofridos durante
a manhã, e já quando se circulava numa via asfaltada, eis que o depósito
de combustível do UMM “Amarelo” resolve soltar-se de um dos lados e
cair, vindo de rastos durante 40 ou 50 metros, até que o jipe parasse
!.... O que aconteceu foi que a soldadura entre o depósito e uma parte
que serve para o apoiar partiu. De qualquer forma, acho que podem
imaginar a expressão de surpresa que fiz, após ter ouvido o barulho
enorme do depósito a cair e a vir de rastos, quando parei, saí do jipe e
vejo o que tinha acontecido.... Aliás, quando comuniquei com os
restantes participantes, via rádio, o que sucedera, o silêncio que se
seguiu até começarem a aparecer as primeiras perguntas e comentários foi
perfeitamente esclarecedor da dificuldade em acreditar no que tinham
ouvido...
Com a ajuda de várias pessoas foi possível repor
o depósito mais ou menos no seu sítio e atá-lo com umas cintas de modo a
que não voltasse a cair. Esta solução revelou-se extremamente eficaz,
uma vez que permitiu continuar o Passeio até ao fim ( incluindo a
passagem nas zonas mais complicadas ! ) e regressar a casa sem qualquer
deslocamento visível do depósito.
Bem, como se diz, há males que vêm por bem, e
este serviu para demonstrar três coisas:
a) – O depósito em questão é realmente resistente, uma vez que
sobreviveu à queda e a ser arrastado pelo asfalto sem qualquer tipo de
danos adicionais ( convém dizer que está feito em chapa de inox de 2 mm
de espessura !... ).
b) – Que o espírito de camaradagem e entre-ajuda não é de modo nenhum
apenas um conjunto de palavras mais ou menos vãs, ficando mais uma vez
demonstrado a sua existência muito real e concreta através da ajuda
pronta e total que tive da parte de toda a gente ! Na verdade, a gente
que queria ajudar era tanta que até acabou por estorvar um bocadinho
nalguns casos... ;-)
c) – Que em viaturas pouco complexas e com a ajuda de outras pessoas e
utilização dos seus “recursos” ( um têm um “macaco xpto” que se adapta
melhor, outro tem um bocado de arame que era mesmo o que estava a
faltar, um terceiro tem a ferramenta que vai permitir fazer o que é
necessário, etc.. ) consegue-se quase sempre improvisar uma “reparação”
de recurso que permite continuar a utilizar a viatura, ainda que
eventualmente com cuidados acrescidos.
Com algum atraso, lá chegamos ao restaurante “ O
Celeiro” onde nos esperava um “Arroz de Sarabulho” e respectivos
“Rojões”, para acabar com a fome que já tinha começado a dar sinais de
querer atacar a caravana.
A tarde prometia ser mais curta, mas prometia
também algumas dificuldades... Havia que contar com um par de
corta-fogos que teríamos que subir e, também, com duas zonas um bocado
mais trialeiras, uma das quais se dividia, na realidade, em duas partes,
qual delas a mais complicada.
Unindo os corta-fogos e as zonas mais
complicadas, continuavam os trilhos que iam alternando entre zonas
fáceis e outras um pouco mais duras, mas que continuavam a levar-nos a
ficar a conhecer melhor esta região e que bem merece que a conheçamos.
Os já citados corta-fogos, longos, inclinados e
de piso solto e as zonas mais trialeiras fizeram mais uma vez com que os
participantes se juntassem, fora das viaturas, para ver como cada um
fazia para ultrapassar os desafios que o trilho representava ( e, na
maioria dos casos também para “mandar palpites sobre a melhor maneira de
agir e a melhor trajectória a seguir... ;-) ). São sempre momentos em
que o convívio se intensifica e são muito agradáveis, mas têm o
“inconveniente” de fazerem com que o tempo pareça que passa ainda mais
rapidamente !
Foi exactamente o que aconteceu e quando demos
por ela já eram 8 horas da noite e ainda faltava fazer uma parte do
percurso que corresponderia a cerca de mais uma hora.... Em face da
situação, resolveu-se terminar o Passeio logo mais à frente, numa zona
em que se passava por uma estrada que facilitava o regresso a casa de
cada um, mas não sem antes se fazer uma nova paragem para as despedidas
e também para tentar terminar com o pão, queijo, fiambre, sumos e café
que tinham sobrado do “Reforço da Manhã”.
O 2º Passeio de 2007 do Clube Audio TT estava
terminado, mas os participantes mostravam que tinha valido a pena ! A
boa disposição e a expressão de satisfação reinava um pouco por todo o
lado.
O próximo Passeio já está em preparação e dentro
de algumas semanas haverá concerteza mais um pretexto para se passar um
dia bem passado na companhia de amigos.
Rui Martins